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"PARA MINHA FELICIDADE, PARAGUAI EU VOLTAREI"

  • Foto do escritor: Equipe Operação Fronteira
    Equipe Operação Fronteira
  • 5 de abr. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 20 de abr. de 2019


Na postagem dessa semana iremos falar sobre o PARAGUAI, país que tem uma área de 406.752 km² e uma população estimada em aproximadamente 7 milhões.


Os estados brasileiros que fazem limite com o Paraguai são Paraná, Mato Grosso do Sul e o documento que estabeleceu a atual fronteira (e a paz) foi o Tratado de Loizaga – Cotegipe, assinado em 1872, logo após a Guerra do Paraguai, na cidade de Assunção, capital paraguaia. A partir desse Tratado, o Brasil adquiriu as terras ao norte do Rio Apa. Anos mais tarde os dois países ainda disputavam territórios na região de Guaíra e exatamente cinquenta e cinco anos depois (em 1927) assinaram o Tratado de Limites Complementar ao de 1872. Então, tal fronteira estende-se de Foz do Iguaçu (PR) até a região pantaneira de Mato Grosso do Sul, atravessando cerca de 1.360 quilômetros, que vai de áreas com população considerável até grandes vazios demográficos. Na região das Cataratas do Iguaçu não houve construção de marco algum. Essa imprudência gerou muitas desavenças entre os governos dos dois países que terminou com a construção de Itaipu.


A fronteira do Paraná e Paraguai é inteiramente fluvial devido ao Rio Paraná; entre Mato Grosso do Sul e Paraguai tem porção seca e uma parte banhada pelo Rio Apa e o Rio Paraguai até chegar na cidade de Bahia Negra (PY), onde existe a Tríplice Fronteira: Brasil, Paraguai e Bolívia.



Mapa da fronteira do Brasil - Paraguai, mostrando as principais cidades existentes na região.


PERSONAS EN LA FRONTERA

Outra tríplice fronteira é Brasil, Paraguai e Argentina. Cidade do Leste ou Ciudad Del Este é uma das cidades fronteiriças localizada diante de Foz do Iguaçu – PR e o seu crescimento está relacionado ao enorme dinamismo que obteve através do seu fluxo e mercado comercial. São produtos importados dos mais variados tipos e lugares que transformou a cidade em um dos centros comerciais mais importantes da América Latina. Ali existem migrantes internos e externos, que vem do campo ou da cidade, na qual ganham sua vida como vendedores ou carregadores, cambistas ou transportadores. É um mercado fronteiriço que tira proveito dos diferenciais de preços e produtos entre distintos espaços nacionais, e onde milhares de compradores se abastecem de produtos. Cidade de fronteira e de cruzamento de circuitos comerciais, a dinâmica social desse espaço não segue as divisões marcadas pelo limite internacional porque os padrões de residências e emprego não estão limitados. Muitos dos comerciantes estrangeiros vivem do lado brasileiro e cruzam a fronteira todos os dias para trabalhar no Paraguai.


Ponte da Amizade e o Rio Paraná. Do lado direito, Ciudad del Este, do lado direito, Foz do Iguaçu.

A ponte que une Cidade do Leste a Foz do Iguaçu é a Ponte da Amizade e as aduanas brasileira e paraguaia são extremamente rigorosas. Por experiência própria, quando vou para Foz do Iguaçu, não precisa nem atravessar a fronteira para ter fiscalização da Policia Federal ali na região, mais precisamente na BR 277 existe um posto policial em que param praticamente todos os carros em sentido Cascavel, principalmente carros com placas paraguaias e veículos de cargo.


Já os principais problemas de Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero (PY) são de comercialização ilegal de produtos, contrabando e tráfico, enquanto os problemas ambientais foram mais visíveis na década de 1960 a 1980 com a retirada excessiva de madeira por serrarias que atuavam muitas vezes na ilegalidade. Porém, hoje a escassez de matéria prima não permite essa comercialização. Relato do meu primo que mora em Ponta Porã e estuda em Pedro Juan Caballero diz que não existe nenhuma fiscalização por ali, apenas atravessar a rua e pronto, já está no Paraguai!


Os “limites territoriais” da fronteira física entre o Brasil e o Paraguai foram fixados no pós-guerra, certo?! Contudo, não foi possível “fixar barreiras” para os sujeitos desta fronteira. Dá-se a entender então que a fronteira física existe apenas no papel, pois na realidade não se consegue impedir o diálogo político, social e cultural entre as pessoas de uma faixa demarcatória com as da outra. Esse diálogo seguramente incomoda em muito as forças institucionais do Brasil pois algumas regiões fronteiriças mais parecem uma continuação do Paraguai do que terras brasileiras.

Existiu uma atração que foi construída com muito carinho pelos governos brasileiro e paraguaio a partir de 1959 prometendo terras fartas e facilidade para o trabalho. Cerca de 350 mil camponeses brasileiros caíram nessa conversa. Para o Paraguai, era interessante ter uma massa de brasileiros nas terras do país vizinho, ou seja, na fronteira.

Na década de 1990, milhares de brasileiros deixam o país em busca de trabalho no Hemisfério Norte. Essa nova realidade levou ao surgimento das categorias “brasileiros no exterior” e “emigração brasileira”, nas quais os brasileiros que vivem no Paraguai foram incorporados. Seus deslocamentos populacionais, no entanto, diferenciam-se daqueles realizados para os Estados Unidos, Europa, Japão e outros países de além-mar em, no mínimo, dois pontos: vêm acontecendo há cerca de trinta anos para países limítrofes e os emigrantes são basicamente agricultores ou pessoas que realizam atividades acessórias ao mundo camponês.

Pode-se dizer, entretanto, que os brasileiros no Paraguai (assim como aqueles que vivem ou transitam por territórios de países limítrofes) configuram uma espécie de “brasileiros no exterior” de segunda categoria, cujo valor é mais numérico - segundo o Itamaraty, é o segundo maior grupo de brasileiros no exterior, suplantado apenas pelos brasileiros que vivem nos Estados Unidos - do que político. As poucas iniciativas de defesa de interesses de “brasileiros no exterior” ou de criação de políticas públicas para o atendimento de suas necessidades são pensadas sobretudo tendo em vista os brasileiros no Hemisfério Norte.


Só para constar: o título deste post se refere à música Galopeira do compositor paraguaio Mauricio Cardoso Ocampo, na qual foi um dos primeiros sucessos da dupla Chitãozinho & Xororó.


Autora: Natália Côgo


Fontes das imagens e referências:

http://abides.org.br/fronteira-brasil-paraguai-2/

 
 
 

1 Comment


Francis Pedroso
Francis Pedroso
Apr 10, 2019

"Já eu, Natália, quando vou para Foz do Iguaçu, não precisa nem atravessar a fronteira para ter fiscalização da Policia Federal ali na região, mais precisamente na BR 277 existe um posto policial em que param praticamente todos os carros em sentido Cascavel, principalmente carros com placas paraguaias e veículos de cargo. " acho melhor arrumar.....

Fica melhor... "Por experiência própria" pois o artigo está assinado.


Gostei do título!!!

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