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LUZ AL FINAL DEL TÚNEL – PARTE II

  • Foto do escritor: Equipe Operação Fronteira
    Equipe Operação Fronteira
  • 18 de mai. de 2019
  • 3 min de leitura

Caros leitores, no texto anterior “LUZ AL FINAL DEL TÚNEL – PARTE I”, comentamos sobre uma rodovia que chega até a divisa com a Venezuela. A construção da BR-174, que ocorreu em meados da década de 70, trouxe benefícios como a diminuição das distâncias e a maximização entre Manaus e Boa Vista, porém também trouxe o desflorestamento e isto ocasionou conflitos com comunidades indígenas. Além de tudo, essa rodovia se transformou em rota internacional de diversas atividades ilícitas.


Uma das atividades ilícitas é o tráfico de seres humanos rumo a Europa. Existe uma rota que é delimitada na BR-174 indo de Manaus até Venezuela e de lá até a Europa. Isso se deve ao fato de existir pouca fiscalização na fronteira oficial (Pacaraima), quase nula. O tráfico é fortalecido pela condição das cidades de fronteira: Pacaraima-Santa Elena de Uairén e propiciado pela falta de policiamento, ocasionando também outros tipos de atividades ilícitas, como o tráfico de combustível. Esta rota destaca três principais cidades no Estado de Roraima (Rorainópolis, Boa Vista e Pacaraima) que possuem um grande movimento de exploração sexual de mulheres e adolescentes. O fenômeno da violência sexual, identificado na ocorrência de casos de abuso e exploração sexual com fins comerciais e, inclusive, de tráfico de mulheres, meninos, meninas e adolescentes, tem se consolidado como uma das mazelas econômicas e sociais do estado de Roraima e, por isso mesmo, se tornou um objeto mobilizador de Instituições públicas federais e estaduais, na busca da garantia dos direitos de mulheres, crianças e adolescentes.


Já o combustível é considerado por muitas famílias como fonte de renda, por causa da falta de postos de trabalho e pelo baixo preço dele na Venezuela, apesar de caracterizar trabalho ilícito, não coíbe o grande aumento desta economia observada na cidade fronteiriça. Esse tipo de tráfico é uma das atividades informais, junto com a exploração sexual, que mais movimenta os negócios daquelas cidades roraimenses, impondo ritmo que influencia a paisagem da fronteira. Essa paisagem é demarcada por caminhões enfileirados em busca de combustível mais barato, casas que atuam clandestinamente na venda do mesmo e forte presença de mulheres, que chegam e saem de Pacaraima com os caminhoneiros e carros que abastecem na fronteira. Os traficantes de combustível são chamados de “pampeiros”, e eles estabeleceram uma fixa relação com os índios, para guardarem seus produtos nas aldeias, facilitando assim o tráfico. Esse contato permanente gerou muitos casos de meninas índias grávidas dos traficantes.



Contudo, a exploração sexual acaba sendo uma prática muito comum juntamente a prostituição, sendo marcada pela presença de casas noturnas e prostíbulos. Na cidade fronteiriça venezuelana, esse segmento é muito maior do que em Pacaraima, tendo na sua maioria mulheres brasileiras. Isto é devido a presença das zonas de garimpo no pais venezuelano, pratica legalizada que atrai homens brasileiros para esse trabalho nas minas.

Apesar das fiscalizações na fronteira, a atividade informal ocorre diariamente cruzando-a e no lado brasileiro, sendo vendidos litros de gasolina durante o dia todo a poucos metros de distância do posto policial.

E por falar em obstáculos político-sociais na fronteira, outra relação problemática entre Brasil e Venezuela é a questão energética. Na década de 90 foi assinado um Contrato de Fornecimento de Energia Elétrica venezuelana para a capital Boa Vista, devido aos problemas de constantes apagões e racionamentos de energia. Essa decisão foi de extrema importância para a integração entre esses países, tanto politicamente, quanto economicamente e ambientalmente.


No entanto, em meio aos recentes acontecimentos e o fechamento da fronteira entre Brasil e Venezuela, esse abastecimento foi interrompido. Roraima tem funcionado nos últimos dias baseada na energia termelétrica de seus deficitários geradores. A crise venezuelana faz com que o próprio país não consiga se sustentar, quem dirá fornecer serviços a outro país.


Termelétrica de Monte Cristo, em Boa Vista


Autoria: Grupo Operação Fronteira (Gabriela Santos, Júlia Fernandes, Natália Côgo e Natália Rodrigues).


Bibliografia:


 
 
 

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