LUZ AL FINAL DEL TÚNEL - VENEZUELA PART I
- Equipe Operação Fronteira
- 4 de mai. de 2019
- 3 min de leitura
Olá, caros leitores!
Essa semana é a vez do país mais badalado do momento: a VENEZUELA. É um país que faz fronteira com o Brasil ao norte, abrangendo o estado do Amazonas e Roraima. Tem uma área de 916.445 km² e uma população, censo 2017, de 91.977.065 habitantes. A fronteira foi delimitada pelo Tratado de 1859, tendo aproximadamente 2.200 quilômetros de extensão, sendo 90 km convencionais e 2.110 km definidos pela linha divisória de águas, envolvendo as bacias do Amazonas (BR) e Orinoco (VE), passando por várias serras da Floresta Amazônica.
Interessante ressaltarmos que só existe uma cidade fronteiriça, de possível acesso terrestre, que fica no Estado de Roraima, chamada Pacaraima. Ela fica localizada em reservas indígenas, possuindo uma área de 8.028,43 km² e uma população de 12.375. Faz fronteira com a cidade de Santa Elena do Uairén, na qual os turistas chamam de “Pequena Ciudad Del Este” pelo fato de ter um comércio muito mais em conta do que o brasileiro, fazendo com que os turistas saiam de lá com os carros lotados de bugigangas. Na verdade, os turistas chamavam. Com a crise venezuelana, o país tem passado por maus bocados. A fronteira na cidade de Pacaraima ficou ainda mais militarizada e o país venezuelano em si não chama tanto mais atenção, a não ser da mídia.
Visitei o Blog do Mouzar para saber um pouco mais de pessoas que já viajaram para aquela fronteira e o seu relato foi bastante interessante. Dirigindo-se sentido Brasil – Venezuela, a cidade fica na margem direita da rodovia, e do lado esquerdo é uma fazenda do Exército, dessa maneira, não pode ser ocupado. Interessante destacar que a rodovia de acesso terrestre entre o Brasil e Venezuela é a BR 174, que sai de Cáceres (MT), passa por Manaus (AM) e Boa Vista (RR), terminando até Pacaraima e a partir de Santa Elena do Uairén, chama-se Estrada 10, e vai até a capital, Caracas. No trecho dessa rodovia que passa pela Reserva Indígena Waimiri-Atroari, o tráfego só é permitido entre 6hrs às 18hrs, após esse horário, a rodovia é fechada. Logo, se quiser transitar por aqueles lados, melhor se programar para não correr o risco de pegar a rodovia fechada.

MIGRACIÓN
Quando se trata de estudos migratórios, a inserção de migrantes no mercado de trabalho se torna um tema recorrente. As pesquisas realizadas apontam diferentes formas de exploração e precarização das condições de trabalho dos migrantes, sempre associadas ao status de indocumentados/as e às discriminações étnicos-racias, de gênero, religiosas, entre outras. A situação que ocorre em Boa Vista (capital de Roraima) com os venezuelanos não é diferente disso. Muitos estudos recentes apontam que os migrantes venezuelanos estão em busca de alimento, e isso coloca o indivíduo em movimento, expondo fragilidades, mas também revelando capacidades. De certo modo, isso gera relações de dependência econômica com os brasileiros, porém, também contribui para a boa relação entre pessoas de origens diferentes que enfrentam dificuldades semelhantes.
Um dos estudos apontou a necessidade de se alimentar e de enviar comida aos familiares na Venezuela como principal motivo de venezuelanos permanecerem no Brasil, mesmo trabalhando em condições adversas, sem acesso a direitos sociais e tratados/as como pessoas inferiores. Eles vivenciam três fases no Brasil: receber comida dos brasileiros, enviar comida aos parentes na Venezuela e a possibilidade de comer como iguais (com outros venezuelanos). O trajeto de Pacaraima até Boa Vista atravessa pequenas localidades e algumas comunidades indígenas, sem qualquer controle do fluxo migratório, o qual é realizado apenas no posto da Polícia Federal no município fronteiriço.
A principal via de tráfego para quem chega da Venezuela em Boa Vista após percorrer a BR-174 é a Avenida Venezuela. Ela é uma das avenidas mais movimentadas da capital roraimense. É continuidade da BR que, em sentido sul, conecta Roraima ao estado do Amazonas e, para o norte, se encerra na fronteira com o país Venezuela. A avenida é marcada por estabelecimentos comerciais e vários sinais de trânsito no cruzamento com outras grandes avenidas igualmente movimentadas que interligam bairros de urbanização mais recente com a parte central e mais antiga da cidade. Coincidência ou não, era local onde se concentraram, num primeiro momento, a maioria dos venezuelanos que chegavam a Boa Vista. Esses imigrantes procuram, em um primeiro momento, trabalhos secundários como vender coisas em semáforos, fazer malabarismos, disputam limpeza de para-brisas... E muitos deles não falam português.
A presença de comércio ambulante e pedintes nas esquinas de Boa Vista é algo recente. Apenas com a chegada de milhares de venezuelanos, a cena muito comum em grandes centros urbanos do Brasil tornou-se também parte do cotidiano boa-vistense.
Baseado nisso, por que a escolha da capital roraimense como destino dos imigrantes venezuelanos? E eles ainda podem ir e vir?
Autora: Natália Côgo
Fontes da imagem e referências:
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