LA FRONTERA EN LA PLATA: ARGENTINA

EL RIO DE LA PLATA

A fronteira que separa o Brasil e a Argentina é puramente fluvial. Possui mais de 1200 km de extensão e foi definida no tratado de 1898, sofrendo pequenas alterações posteriormente, sendo a margem ocidental do rio Uruguai, este que deságua na Bacia do rio da Prata, pertencente à Argentina e a oriental ao Brasil.

Mapa hidrográfico dos rios da Bacia do rio da Prata

A RIVALIDADE ARGENTINA-BRASILEIRA

A República Argentina e a República Federativa do Brasil, apesar das similaridades, possuem uma rivalidade histórica, que pode ser percebida até mesmo no futebol, rivalidade esta iniciada pelas colônias que governavam esses territórios, Espanha e Portugal respectivamente. No caso brasileiro, a exploração do Oeste (onde existe a fronteira com a maior parte dos países sul americanos) foi posterior e ocorreu com objetivo de impor domínio territorial português em relação à Espanha. Com o objetivo de evitar essa expansão, a Espanha cria em 1776 o Vice Reino do Rio da Prata na região onde hoje se localiza o Uruguai, o Paraguai, a Bolívia e a Argentina. Posteriormente, em 1816 o Vice Reino se torna independente da Espanha por meio da atividade mercantil utilizando-se do porto de Buenos Aires e passa a adotar o nome Províncias Unidas do Rio da Prata.

Um aspecto interessante da identidade platina é sua complementaridade e os laços comerciais que mantinham, além das relações sociais e políticas que desenvolviam independentemente das fronteiras entre essas regiões.

Até a existência da configuração territorial argentina hoje existente, muitas guerras e revoluções aconteceram, cinco delas envolvendo o Brasil. São elas: Guerra da Cisplatina (Guerra do Brasil para a historiografia argentina), a Invasão Luso-brasileira, a Guerra do Prata, a Questão Uruguaia e a Guerra do Paraguai. Uma característica da política platina foi a presença do militarismo, que se desenvolveu calcada neste processo de disputas territoriais e fronteiriças.

INTEGRAÇÃO

Apesar das tentativas anteriores de estabelecer a paz entre os dois maiores países sul-americanos, como por exemplo, a construção na década de 60 da Ponte da Amizade, as relações de proximidade só se intensificaram a partir de meados da década de 80, quando houve os acordos em relação à usina de Itaipu e sobre temas de energia nuclear. A partir de então Brasil e Argentina vêm estreitando suas relações.

DECADÊNCIA DA ECONOMIA

No começo do século XX a Argentina era uma das maiores economias mundiais, o país mais rico da América do Sul, entretanto, na década de 30 aproximadamente sua economia já dava sinais de decaimento, chegando ao momento em que o Brasil a ultrapassa na década de 50 (o que é consequência não só da decadência Argentina, mas também do rápido crescimento brasileiro na época). Na segunda metade do século a histórica rivalidade passa a ser também econômica. Ser comparada ao Brasil e ao restante da América do Sul não era algo bem visto pela sociedade argentina e pelo restante do mundo, o continente era visto como um local de pobreza, sem crescimento, inferior.

Com o Brasil superando a economia argentina, automaticamente os investimentos exteriores se focaram aqui, multiplicando o capital produtivo em diversas áreas, o que favoreceu as exportações brasileiras. Nas décadas de 90 e 2000 a esperança argentina se baseou em planos de integração e combate à pobreza do governo brasileiro juntamente com o governo argentino.

Foto da "ponte da amizade"

TERRA DE NINGUÉM

Além da fronteira delimitadora, que divide dois territórios, existe uma fronteira pouco lembrada, a fronteira vista como espaço fronteiriço, que deveria ser a área de integração entre povos, culturas, mas que acaba sendo marginalizada, se tornando uma "terra de ninguém".

O texto "'Sou da fronteira”: narrativas orais e dinâmicas identitárias entre Argentina, Brasil e Uruguai' de Luciana Hartmann (2009) foi um dos poucos textos que encontrei em minha pesquisa sobre a vivência dos moradores das fronteiras argentino-brasileiras. Hartmann explica, com base nos relatos, como a vida na fronteira pode ser paradoxal. Pude perceber que os relatos em seu texto se associavam muito bem à historiografia apresentada anteriormente neste texto, pois apesar das inúmeras similaridades entre Brasil e Argentina, desde questões fisiográficas ao passado colonial, e posteriormente em relação aos períodos militares e de decadência econômica em relação ao mundo, ainda se faz a rivalidade entre esses dois países. Existe uma "guerra" comprada por Portugal e Espanha que até hoje é paga pelos viventes das fronteiras.

O contrabando é uma característica das fronteiras em geral, e se torna uma das maiores formas de relação entre essas pessoas, e faz parte de seu cotidiano. No texto de Hartmann há relatos de famílias que têm como base de seu sustento o tráfico na fronteira argentino-brasileira, que acaba legitimado por eles. Na época de maior decadência da economia argentina essa prática era ainda mais comum, principalmente em relação a alimentos e itens básicos de consumo. Talvez possamos relacionar este tráfico com o atual protecionismo econômico argentino em relação ao Brasil? Ou talvez seja apenas uma cultura enraizada dado ao passado argentino?

Por: Julia Fernandes

Fontes:

CANDEAS, A.W. " Relações Brasil-Argentina: uma análise dos avanços e recuos"

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v48n1/v48n1a07.pdf

COURLET, B.A. " IDENTIDADES EM UMA ZONA DE FRONTEIRA : A REGIÃO DO PRATA NO PERÍODO COLONIAL" Disponível em: http://cdn.fee.tche.br/jornadas/2/H4-03.pdf

CRESTANI, L.A. " FRONTEIRAS TRANSNACIONAIS: CONFLITOS DE TERRA ENTRE ARGENTINA

E BRASIL (1850/ 1930)"

Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/304783203_FRONTEIRAS_TRANSNACIONAIS_CONFLITOS_DE_TERRA_ENTRE_ARGENTINA_E_BRASIL_1850_1930

HARTMANN, L. “Sou da fronteira”: narrativas orais e dinâmicas identitárias entre Argentina, Brasil e Uruguai"

Disponível em: https://journals.openedition.org/aa/1052

JARDIM, W.C. " A GEOPOLITICA NO TRATADO DA TRIPLICE ALIANÇA: BRASIL/ ARGENTINA / URUGUAI" Disponível em: http://www.snh2011.anpuh.org/resources/anais/14/1300848393_ARQUIVO_ARTIGOANPUH.pdf

TRATADO (Baseado no Laudo Arbitral do Presidente Cleveland) Brasil / Argentina ( 6.outubro.1898 ) Disponível em: http://info.lncc.br/att1898.html